Saúde de A a Z

Quando devemos procurar a ajuda do Terapeuta da Fala? Quais os principais alertas?

A linguagem e a comunicação são processos naturais que nos permitem viver em sociedade. Quando existem alterações da linguagem, principalmente em fases precoces da vida de uma criança, estas podem condicionar a forma como as mesmas se relacionam com os outros.  

Estima-se que as alterações da linguagem afetem entre 3 a 15% das crianças em idade escolar e sabe-se que é importante identifica-las em idade pré-escolar, já que se forem identificadas após os 6 anos de idade, muitas podem permanecem na vida adulta, acabando por ter um impacto significativo na aprendizagem da leitura e escrita e, em última instância, no seu aproveitamento escolar; 

Poderemos necessitar da intervenção do Terapeuta da Fala mesmo quando ainda não sabemos falar. A intervenção precoce irá ajudar na prevenção de problemas que poderão comprometer as aquisições do seu desenvolvimento.  

Sinas de alerta que podem indicar a necessidade da avaliação em consulta de Pediatria e apoio terapêutico através de Terapia da Fala: 

 

Do nascimento aos 6 meses de idade 

Não reage aos sons e ao meio;     

Não sorri; 

Não discrimina vozes familiares; 

Tem falta de interesse pelas pessoas e pelos objetos; 

Não localiza ou deteta um som; 

Não vocaliza ou deixa de emitir sons; 


Dos 6 aos 12 meses de idade 

  • Não faz “arrulhos”, balbucio ou vocaliza de modo monótono; 

  • Não faz ou não mantém contacto ocular; 

  • Apenas compreende linguagem acompanhada de gestos; 

  • Não responde ao nome; 

  • Não olha a pedido; 

  • Não imita ações e sons familiares; 

  • Vocaliza pouco e não faz um pedido de forma clara; 

  • Não balbucia ou não usa consoantes; 

  • Não usa gestos para comunicar; 


Dos 12 aos 18 meses de idade 

  • Compreende poucas palavras ou frases; 

  • Não usa palavras ou deixou de usar; 

  • Não imita e não balbucia; 

  • Não aponta; 

  • Não olha quando o chamam; 

  • Não olha quando se aponta para algo; 


Dos 18 aos 24 meses de idade 

  • Apresenta vocabulário reduzido; 

  • Não responde a ordens simples; 

  • Não faz pedidos; 

  • Produz poucas consoantes; 

  • Mostra regressão na linguagem ou deixa de evoluir;


2-3 A 

  • Apresenta vocabulário reduzido; 

  • Não faz perguntas; 

  • Não constrói frases com duas ou mais palavras; 

  • Não executa uma ordem simples; 

  • Repete o que outros dizem, ou parte do que dizem, mas não responde ou interage com outro; 

  • Não tem intenção de comunicar 


3-4 A 

  • Apresenta compreensão fraca e não executa ordens de duas ideias; 

  • Não responde ou faz perguntas; 

  • Tem dificuldades em exprimir-se e fá-lo essencialmente por gestos; 

  • Usa frases simples e curtas; 

  • O padrão de fala é pouco inteligível aos interlocutores da criança (pais e o adulto estranho); 

  • Não tem intenção de comunicar 


4-5A
  • Omite e/ou troca sons nas palavras;
  • Dificuldade em iniciar ou repetir uma palavra, parecendo gaguejar;
  • Dificuldade para contar uma história e/ou para descrever acontecimentos simples, da rotina diária;
  • Não usa a linguagem socialmente;
  • Não comunica com estranhos;
  • Não faz diálogos;


5-6A
  • Não usa frases complexas
  • Mantém alterações na articulação correta das palavras;
  • Utiliza frases mal estruturadas;
  • Discurso incoerente, desorganizado e desadequado à questão que lhe é colocada;
  • Dificuldade em manter e explorar um determinado tópico de conversa, com princípio, meio e fim;


No fim do 1º ano de escolaridade, consideram-se ainda como sinais de alerta:
  • Inversões ou troca de letras ou sílabas e/ou palavras E.g., Batata – “Tatata”; Vaca – “Faca”;
  • Omissão de letras e/ou sílabas, E.g., Batata – “Bata”; Boneco – “Pomeco”;
  • Dificuldades em discriminar sons, e.g., : f/v s/z ch/j;
  • Dificuldade na interpretação de frases e/ou textos;
  • Dificuldades em integrar as regras ortográficas E.g., Correr – “Corer”;
  • Concretização de textos com frases mal estruturadas apresentado falta de coerência e coesão textual;


Lúcia Neto

Terapeuta da fala