Saúde de A a Z

Jejum Intermitente

Artigos de opinião em jornais nacionais, posts em grupos de Facebook, médicos e outros profissionais de saúde, figuras públicas e celebridades falam de uma abordagem alimentar que promete ser milagrosa. 

Já ouviu falar do Jejum Intermitente? Fique a conhecer um pouco sobre o tema.


APLICAÇÕES

O jejum está presente na nossa cultura como podemos ver em certas celebrações religiosas (na Quaresma, Ramadão ou Yom Kipur) ou quando são feitas greves de fome, mas esta prática tem surgido também como estratégia para a perda de peso e para a otimização da performance em treinos de endurance

Têm sido feitos alguns estudos para se perceber o impacto desta estratégia na obesidade, diabetes, doença cardiovascular, cancro, envelhecimento ou anti-aging e desempenho cognitivo. 

Desconhece-se ainda se os benefícios de saúde observados são um resultado da perda de peso decorrente, ou se poderão estar implicadas respostas celulares adaptativas que permitem melhorar a regulação da glicose, aumentar a resistência ao stress oxidativo e metabólico e reduzir a inflamação. 

A evidência científica sobre o uso desta abordagem ainda é limitada, com estudos realizados essencialmente em animais ou de curta duração, não sendo ainda possível conhecer os seus efeitos a longo prazo. À luz da evidência atual sobre a sua eficácia, o principal motivo para aderir ao Jejum Intermitente passa pela perda de peso.


ABORDAGEM

Existem diferentes regimes de Jejum Intermitente, sendo os mais estudados a alimentação diária com restrições de tempo (por exemplo, jejuns durante a noite de 14, 16 ou 18 horas); a 5:2 – onde se praticam dois dias de jejum por semana; ou a prática de jejum em dias alternados (jejum dia sim, dia não). Esta abordagem afasta o habitual “comer de 3 em 3 horas”, sendo que alguns defensores desta prática permitem a ingestão de bebidas com baixo valor energético/calórico, como água, infusões, chá ou café, durante as horas de jejum.


Existem alguns impedimentos à adoção geral deste padrão, como o hábito cultural de realizar 3 refeições base + snacks, a existência de marketing alimentar persistente ou a presença de fome, irritabilidade e reduzida capacidade de concentração durante os períodos de restrição.


Esta poderá ser uma estratégia para a perda de peso adequada para algumas pessoas, por exemplo pessoas sem rotinas/horários fixos, que não sintam muita fome ou que prefiram a ausência de um plano regrado com “do’s” e “dont’s”, uma vez que um fator crucial à perda de peso é a adesão. Aderindo a esta abordagem e estando motivado para a cumprir é possível ingerir menos calorias do que as de que precisa, e assim promover a perda de peso.


Um padrão alimentar de restrição pode ser nutricionalmente deficiente, pelo que para prevenir possíveis défices e impactos negativos na composição corporal (como a perda de massa muscular) é recomendado que seja acompanhado por um nutricionista para definir o número de dias e horas de jejum, de forma personalizada. Também perante a presença de alguma doença é necessário avaliar de forma detalhada a possibilidade da implementação desta abordagem, bem como em crianças e adolescentes, grávidas e lactantes, e na terceira idade.


Patrícia Almeida Oliveira

Nutricionista

Nº Ordem dos Nutricionistas 3783N